domingo, 7 de agosto de 2011

Futebol e Educação, Ronaldinho e Professora Amanda: Contrastes e nada mais!

Estudo e futebol não combinam? Ou não devem jamais combinar?


No último dia 2, em odiario.com, a professora Cristina Mott Fernandez, do Instituto de Línguas da Universidade Estadual de Maringá, no texto “Mídia, futebol e educação”, fez uma importante comparação:

Por um lado, a professora Amanda que ganhou notoriedade após a postagem de um pronunciamento seu no Youtube onde, em frente às autoridades da educação de seu estado, foi categórica ao relatar o sucateamento do sistema educacional local e nacional.

Por outro, o jogador Ronaldinho Gaúcho que foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras.

Disse a professora universitária:

“No início de julho, a professora Amanda virou notícia novamente. O Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE) conferiu o prêmio Brasileiros de Valor 2011 para a professora potiguar, pelo seu posicionamento. A professora recusou o prêmio e expôs seus motivos. (...) disse em carta destinada ao júri do 19º premio PNBE:

‘Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação’.”

Por outro lado: “(...) em abril do corrente ano, o jogador do Flamengo, Ronaldinho Gaúcho, recebeu a Medalha Machado de Assis, condecoração concedida à personalidades brasileiras pela Academia Brasileira de Letras (ABL), por conta da comemoração do 110º aniversário do imortal José Lins do Rego, um dos mais ilustres torcedores rubro-negros.

Não seria estranha tal homenagem se a honraria não tivesse sido oferecida pela ABL à alguém que admitiu nunca ter lido um livro. A justificativa da escolha foi o amor do escritor pelo Flamengo ao qual dedicou um livro de crônicas.

Ronaldinho, ao contrário da professora Amanda, nem hesitou em aceitar tal honraria (...). Todavia, tal honraria pode passar a mensagem de que estudar é uma perda de tempo, é muito difícil e exige sacrifícios. O que importa é tentar ser jogador de futebol ou outra atividade que proporcione um mundo glamoroso (...).

Esta situação, trazida de forma perspicaz pela professora universitária, não é nova. Muito pelo contrário. Determinados grupos parecem querer contribuir para que a maioria dos jovens vislumbrem apenas o futebol e outros espaços como meio para encontrar um lugar na sociedade.

Gilberto Freyre, ainda em 1947, já entendeu funcionar assim o futebol para as camadas populares da nação: “Para sair da irracionalidade e ir à ‘sublimação’, antes a oportunidade estava ‘nos feitos heroicos ou ações admiráveis que o Exército, a Marinha e as Revoluções mais ou menos patrióticas abriam aos brasileiros brancos e, principalmente, mestiços ou de cor, mais transbordantes de energias animais ou de impulsos irracionais (...). [Tem o futebol] Numa sociedade como a brasileira, em grande parte formada de elementos primitivos em sua cultura, uma importância toda especial (...).”

Portanto, seja via Academia Brasileira de Letras, hoje em dia, seja via os literatos e estudiosos de ontem, a falta de motivação para a maioria dos jovens brasileiros permanece como parte da dura realidade de um país que pouco valoriza a universalização da educação; fato que a professora Amanda denunciou e os demais educadores convivem diariamente em suas atividades.

Por que não utilizar o futebol para aproximar os jovens dos estudos? Para transmitir o valor da educação para o próprio desempenho dos inumeros profissionais envolvidos diretamente com esta rentável atividade?




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