sexta-feira, 29 de julho de 2011

COPA DO MUNDO NO BRASIL, 1950-2011: PROBLEMAS REPITIDOS, PERCEPÇÕES ALTERADAS?

2011, A Gazeta Esportiva.net - 1950, jornal A Gazeta: comparações em torno de um mega-evento.
Saiu nesta quinta, na Gazeta Esportiva.net: Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa deu indícios de que a entidade máxima do futebol deverá aceitar o possível atraso nas obras do Itaquerão, construído pelo Corinthians.” (...) ‘Para a Fifa este atraso não seria um problema. (...) Mais do que isso, no entanto, não é possível. Deve ser entregue no máximo até fevereiro’.” - disse Valcke.
Impossível não comparar tal situação com a que virou notícia, lá em 1950, no dia 2 de junho, pouco antes da 1ª Copa do Mundo no Brasil começar.

Neste dia, um dos veículos de comunicação da própria Fundação Casper Líbero, A Gazeta – na época, o principal editorial esportivo de São Paulo – traz na sua coluna Últimas a informação que o secretário geral da FIFA, Ottorino Barassi, estava “um tanto quanto decepcionado com a organização”, dirigente que, inclusive, passava a crer que era uma característica própria dos brasileiros, pois “(...) deixamos para muito tarde o esclarecimento de certos detalhes imprescindíveis de serem executados para a boa marcha de um campeonato de tal vulto.”

E continua: “Inspecionando o gramado do Pacaembu o esportista itálico teve uma frase (...): ‘Não há dúvida alguma, que os futebolistas brasileiros são os melhores do mundo; jogar num campo nestas condições só é dado a autênticos malabaristas...’. Barassi dizendo isto, afirmava em tom irônico a necessidade imperiosa de apresentarmos o gramado daquele próprio da Municipalidade em melhores condições que atualmente. E note-se que, como está, chega até a nos maravilhar... São pequeninas coisas que poderão provocar uma política de conhecimento muito pouco interessante no resto do mundo. É preciso que as delegações que nos visitem encontrem aqui um país civilizado, um país de futuro, como disse certa vez Stephan  Zwig... Para tanto porém será necessário que apresentemos uma organização ímpar, pois é esta uma das melhores provas de civilização. E convenhamos que por ora, ainda não podemos nos ufanar disto...”
A referência à obra "Brasil, país do futuro", não é à toa. Os ares de Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro, parecem ter criado um grande otimismo para com as terras brasileiras num europeu descepcionado com a intolerância que assolou a Europa e que aqui veio a encontrar refúgio, pois, como judeu, sofria perseguições nazistas.

Contudo, o futuro já chegou e vemos que, ao menos com relação à preparação para a Copa do Mundo, não vingaram as previsões de Stefan Zweig (esta é a grafia correta do nome).

A única novidade mesmo parece ser que, atualmente, temos maiores condições de contestar as impressões, ou melhor dizendo, as próprias intenções da FIFA. Sua complacência para com determinadas situações, no mínimo, lhe destitui de toda áurea de "civilidade" que se viu em outros momentos, como a que mostrava A Gazeta, em 1950.




Nenhum comentário:

Postar um comentário