sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

NEYMAR X HOBSBAWM: FAZ-SE NECESSÁRIO NOVAS REFLEXÕES

Hoje, na entrevista de mais ou menos uma hora que o pop-star do futebol, Neymar, concedeu no Japão, observou-se surgir um ícone. Um personagem emblemático ao ponto de ter que se repensar conjunturas internacionais.

Para quem já leu "Globalização, Democracia e Terrorismo", do historiador Eric J. Hobsbawm, Neymar surge como uma figura destoante à tendência do mundo contemporâneo. Mundo este que o intelectual procurou traçar fazendo uso do futebol em tempos de globalização.

Em uma era  maracada pelo frenético, pelo impuso, pelo imediato, pelo veloz, surge um jovem que procura cada vez mais falar pausadamente.

Um jovem sulamericano que até o momento não se deixou seduzir por promessas milhonárias, por ter possibilidade de acesso às grandes baladas nas cidades do Velho Mundo e pela chance de conhecer as mulheres do padrão eurocêntrico de beleza.

Um jovem sulamericano que já é uma celebridade do futebol, mas que, embora seja reconhecido no mundo inteiro, procura sempre falar em nome do grupo. Não valorizando em suas palavras seu próprio nome e sim o do clube em que ele joga, o Santos Futebol Clube. 

Essas características não parecem ser possíveis de se pertencer a um craque do século XXI, como é Neymar. Mas pertencem!

E, sendo assim, o craque brasileiro quebra a lógica do futebol globalizado. Quebra o funcionamento, existente desde os anos 1980 e, principalmente 90, de um mecanismo que enfraqueceu o nacionalismo e, no caso do futebol, por consequência, diminuiu a importância das seleções em relação às disputas entre clubes e dos clubes em relação aos "superclubes". Como explicou Eric Hobsbawm (2007: 93):

"Essencialmente, o negócio global do futebol é dominado pelo imperialismo de umas poucas empresas capitalistas com nomes de marcas também globais - um pequeno número de superclubes baseados em alguns países da Europa*, que competem entre si tanto nas ligas nacionais quanto, preferivelemente, nas internacionais. Seus jogadores são recrutados em todo o mundo. (...)"
Pois é, e quebrando essa lógica, aparece Neymar, um jovem que pode ajudar a frear o
"(...) considerável enfraquecimento da posição de todos aqueles que não estão nos círculos das superligas internacionais e dos supertorneios e em especial nos clubes dos países exportadores de jogadores, notadamente nas Américas e África."

Que o craque Neymar continue assim!
 

 
Lances geniais do Menino da Vila:

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