Em tempos de globalização, já disseram os estudiosos do tema, ao mesmo tempo em que a economia busca a hegemonia extinguindo limites e fronteiras, por outro lado, um movimento inverso se dá: o sentimento local se intensifica e crescem os regioalismos.
Ainda no Recife, o tradicional time do Santa Cruz se preparava na semana passada para o jogo decisivo das quartas de final do Campeonato Brasileiro da Série D, até que Thiago Cunha, o atacante do time tricolor, mexeu com o orgulho dos Paraíbanos, em especial dos torcedores do Treze de Campina Grande.
O jogador que já atuou pela Queimadense, se dizendo conhecedor da realidade local, afirmou que os torcedores do Treze iriam preferir assistir pela televisão o Fla-Flu que seria transmitido exatamente no mesmo horário da partida:
"Conheço bastante Campina Grande. Vai acontecer um Fla-Flu no domingo e acho que muita gente vai preferir assistir o clássico na televisão. Tenho certeza que o estádio não vai estar cheio. A torcida do Treze-PB não é apaixonada como a do Santa Cruz", (UOL ESPORTES)
Thiago Cunha, nada mais fazia neste momento que reproduzir uma constante que se deu por todo o século passado.
A literatura, os jornais e revistas, mas, principalmente o rádio, sobretudo, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, difundiram por quase todo o Brasil o futebol carioca. Evidentemente, o que se restringia aos aos 4 clubes grandes locais: Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco.
Pessoas que moravam a quilômetros e mais quilômetros de distância desse grande centro recebiam muitas informações de times que, além de tudo, desde muito tempo interessaram-se por valores oriundos de terras distantes e os importavam - como o nordestino Dida que fez grande sucesso no Flamengo nos anos 50.
Assim, foi inevitável o processo de difusão do interesse - que evoluiu para paixão, sem dúvida - para com esses clubes.
Assim, foi inevitável o processo de difusão do interesse - que evoluiu para paixão, sem dúvida - para com esses clubes.
No Recife, como lembrou Thiago Cunha, não é de hoje que se vê nos estádios do Santa Cruz, do Náutico e do Sport menções depreciativas aos locais que torcem por times de fora. Em outras localidades do nordeste também isso ocorre. Há o crescimento da ideia de que o local deve ser valorizado.
E, voltando à questão que envolve a torcida do Treze de Campina Grande vale conferir os números da arrecadação, após o emocionate 3 a 3 de um confronto que agora carece de mais um jogo, dessa vez, no Recife:
Foram colocados 17.800 ingressos no Amigão - estádio do Treze -, apenas para a torcida local, ao preço de R$ 40,00, cada. O estádio contou com 11.345 pagantes que se somaram à 1.731 pessoas que entraram de graça. (Fonte: Agora Esportes)
Diante desse quadro, podemos perceber que mudanças acontecem, porém na velocidade que a mentalidade impõe.
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