terça-feira, 11 de outubro de 2011

TREZE DA PARAÍBA X SANTA CRUZ DO RECEFE E A QUESTÃO DOS REGIONALISMOS

Em tempos de globalização, já disseram os estudiosos do tema, ao mesmo tempo em que a economia busca a hegemonia extinguindo limites e fronteiras, por outro lado, um movimento inverso se dá: o sentimento local se intensifica e crescem os regioalismos.

Ainda no Recife, o tradicional time do Santa Cruz se preparava na semana passada para o jogo decisivo das quartas de final do Campeonato Brasileiro da Série D, até que Thiago Cunha, o atacante do time tricolor, mexeu com o orgulho dos Paraíbanos, em especial dos torcedores do Treze de Campina Grande.

O jogador que já atuou pela Queimadense, se dizendo conhecedor da realidade local, afirmou que os torcedores do Treze iriam preferir assistir pela televisão o Fla-Flu que seria transmitido exatamente no mesmo horário da partida:
 
"Conheço bastante Campina Grande. Vai acontecer um Fla-Flu no domingo e acho que muita gente vai preferir assistir o clássico na televisão. Tenho certeza que o estádio não vai estar cheio. A torcida do Treze-PB não é apaixonada como a do Santa Cruz", (UOL ESPORTES)

Thiago Cunha, nada mais fazia neste momento que reproduzir uma constante que se deu por todo o século passado. 

A literatura, os jornais e revistas, mas, principalmente o rádio, sobretudo, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, difundiram por quase todo o Brasil o futebol carioca. Evidentemente, o que se restringia aos aos 4 clubes grandes locais: Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco.

Pessoas que moravam a quilômetros e mais quilômetros de distância desse grande centro recebiam muitas informações de times que, além de tudo, desde muito tempo interessaram-se por valores oriundos de terras distantes e os importavam - como o nordestino Dida que fez grande sucesso no Flamengo nos anos 50.

Assim, foi inevitável o processo de difusão do interesse - que evoluiu para paixão, sem dúvida - para com esses clubes.

Porém, nos tempos de hoje, de mídia mais ainda massificante, de uma imprensa que sem escrúpulo algum continua exaltando um ou dois times em detrimentos dos demais e que esquece que o futebol não se resume a São Paulo e Rio, a situação parece estar mudando.

No Recife, como lembrou Thiago Cunha, não é de hoje que se vê nos estádios do Santa Cruz, do Náutico e do Sport menções depreciativas aos locais que torcem por times de fora. Em outras localidades do nordeste também isso ocorre. Há o crescimento da ideia de que o local deve ser valorizado.
E, voltando à questão que envolve a torcida do Treze de Campina Grande vale conferir os números da arrecadação, após o emocionate 3 a 3 de um confronto que agora carece de mais um jogo, dessa vez, no Recife:

Foram colocados 17.800 ingressos no Amigão - estádio do Treze -, apenas para a torcida local, ao preço de R$ 40,00, cada. O estádio contou com 11.345 pagantes que se somaram à 1.731 pessoas que entraram de graça. (Fonte: Agora Esportes)

Diante desse quadro, podemos perceber que mudanças acontecem, porém na velocidade que a mentalidade impõe.

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