quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SUPERCLÁSSICO DAS AMÉRICAS x COPA ROCA: BRASIL x ARGENTINA, RIVALIDADE DESPRESTIGIADA

O "Superclássico das Américas" choca-se à imensa contribuição oferecida pela Copa Roca na construção de uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Basta lembrar de sua história.

A história do torneio, sobretudo, em suas interrupções, ajuda a entendermos como brasileiros e argentinos tornaram-se um dos maiores rivais do mundo quando o assunto é a bola.


Copa Roca - 1914
A competição restrita às seleções do Brasil e da Argentina foi instituída no ano de 1913 e levou esse nome em referência ao presidente argentino da época: Julio Argentino Roca. No ano seguinte, e

Em 1922, agora no Brasil, a seleção tupiniquim, que na época jogava de uniforme branco, também venceu.

Finalmente, como toda boa rivalidade, em 1923,  a Argentina vence o torneio em casa.

1ª interrupção:

Problemas internos entre dirigentes e jogadores, de um futebol que passava pela transição do amadorismo para o profissionalismo na América do Sul, abalou estruturas. A crise - principalmente, na Argentina - foi grande e não houve condições de se realizar o torneio.

1939/1940: volta a ser disputada a Copa Roca.

Era o momento da Segunda Guerra Mundial, início do período que ficou conhecido como a Década Sem Copas. As dificuldades de realizar confrontos internacionais eram enormes.
A solução era jogar entre os sulamericanos.

Constantes foram os jogos que impulsionaram a grande rivalidade entre os países do Cone-sul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (na época, o maior campeão do continente).

Para a Seleção Brasileira não foram tempos muito fáceis. A derrota na Copa Roca de 40 não foi bem digerida pela impressa que pressionava, como anos depois Thomaz Mazzoni relatou: “Época ruim, especialmente devido à má disciplina e péssimo estado moral com que os nossos craques se empenharam nesses cotejos internacionais.” (MAZZONI, 1950: 287*).

1945:



Zizinho
Pressionados, os jogadores de uma geração liderada pelo craque Zizinho, tornaram-se campeões após partidas que materializavam em cenas de violência a rivalidade que só crescia entre brasileiros e argentinos.

Vale lembrar, as palavras de Mestre Ziza sobre um Brasil x Argentina no sulamericano de 1946:
“O campo, que já estava invadido, virou um pandemônio. Sofremos agressão do público, dos jogadores. Pior foram os policiais, e que ali estavam para nos garantir. Foram os que mais bateram. (...) Fomos retirados de campo e o Chico ficou em estado de coma. Recebemos ordens de não mais voltar a campo.” (SILVA, 1985: 69**).


Depois, a Copa Roca contou com mais 3 edições em que a os brasileiros venceram: 1957, 60 e 63.

Na década de 1970, tal era o grau de rivalidade que, em 1971, após dois empates, um na Argentina e o outro no Brasil, além de um terceiro empate na prorrogação, o título acabou sendo dividido entre brasileiros e argentino.

Em 1976, mais uma vez o Brasil foi campeão. E a disputa, por um longo período, ficou esquecida.

Algo próprio de um período em que as competições internacionais se multiplicaram e o calendário tornou-se muito apertado.

E hoje à noite teremos uma nova edição. Contudo, nem no nome esta lembrará o glamour do clássico e do torneio.

O “superclássico”, como foi rebatizado, contará com jogadores que no atual momento são considerados de segunda linha.

E são as próprias federações argentina e brasileira (AFA e CBF) quem nos dizem isso, pois enquanto para os jogos internacionais convocam os atletas badalados que atuam nos times mais ricos da atualidade (mesmo que as partidas sejam contra seleções de muito menor expressão), para o “superclássico” os astros internacionais não precisarão se dar ao trabalho de atravessarem o Atlântico.

E isso ocorre mesmo quando estamos prestes a ter uma Copa do Mundo no Brasil!

Há maior demonstração do quanto o futebol sulamericano, apesar de todo seu potencial histórico e humano, é desprestigiado por dirigentes locais e estrangeiros?????

Para matar a saudade ou a curiosidade de um futebol sulamericano muito mais valorizado que o de hoje, veja alguns lances do primeiro jogo da Copa Roca de 1971:




* MAZZONI, Tomaz. História do Futebol no Brasil (1894 - 1950). São Paulo: Leia, 1950.

 ** SILVA, Thomas Soares da. Zizinho: o mestre Ziza. Rio de Janeiro: Secretaria do Esporte e Lazer, 1985.

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