sexta-feira, 25 de maio de 2012

CENTENÁRIO DE MÁRIO AMÉRICO: O MAIS EMBLEMÁTICO MASSAGISTA DO FUTEBOL BRASILEIRO


25 de maio, Dia do Massagista, nada melhor do que lembrar desse importante personagem do nosso futebol que, em 2012, completaria 100 anos.
Mário América com a bola da final de 1962
Wikpedia.org
O futebol abarca, cada vez mais, uma gama enorme de profissionais. Não só abre espaços para diversas atividades como também torna pública suas figuras.

E Mário Américo foi um dos primeiros a conquistar o posto de celebridade, aproximando sua imagem a dos protagonistas principais, que naquela altura se restringia a de jogadores, a de técnicos e a de dirigentes.

Nascido em 28 de julho de 1912, no interior de Minas Gerias, cidade de Monte Santo, Mário Américo foi mais um migrante, viveu procurando “melhorar de vida” entre empreitadas no Rio de Janeiro e São Paulo.

Na capital paulista foi engraxate, auxiliar de mecânico, baterista de orquestra e lutador de boxe – começou pelas mãos do pai de Éder Jofre, kid Jofre!

Em 1934 foi para o Rio de Janeiro e algum tempo depois desistiu dos ringues. Um médico que o atendeu após uma luta, lhe sugeriu que procurasse o pessoal do Madureira, pois o massagista de lá estava por se aposentar e Mário poderia aproveitar a oportunidade.

Do Madureira, em 1941, foi para o Vasco da Gama, na época do sensacional “Expresso da Vitória” (conquistando os títulos cariocas de 1945/47/49/50).

Em 1952, foi contratado pela Portuguesa. Viveu a fase áurea de uma potência da época. A Lusa empenhou-se política e financeiramente em sua negociação, já que o massagista era reconhecido como fator de importância para as vitórias.
Lusa de 1968: (em pé) Orlando, Ulisses, Guracy, Zé Maria e Augusto;
(agachados) Mário Américo, Leivinha, Paes, Ivair, Lorico e Rodrigues.
http://lojafutebolretro.blogspot.com.br/2011/04/o-craque-disse-e-eu-anotei-ivair.html

Mário Américo se destacava porque com seus piques fantásticos não só atendia os atletas, mas também – pode-se  até dizer, principalmente – realizava o papel de pombo-correio. Transmitia informações do banco de reservas para os jogadores em campo numa época em que jamais o técnico se quer poderia levantar quanto mais aproximar-se da linha lateral.

A chegada de Mário na Seleção Brasileira se deu em 1949. Foi auxiliar de Johnson e só saiu em 1974.

Ou seja, trabalhou em toda a época gloriosa do Selecionado brasileiro, do vice de 1950 ao Tri de 1970, de Mestre Ziza ao Rei Pelé!
Seleção 1974, Brasil 0 x 1 Polônia: (em pé) Zé Maria, Leão, Toninho Perez e Alfredo;
(agachados) Mário Américo, Valdomiro, Ademir da Guia, Jairzinho, Rivelino e Dirceu.
http://blog.maismemoria.net/?cat=574

O craque Zizinho - de Bangu, de Flamengo, de São Paulo e da Seleção Brasileira- disse certa vez em depoimento colhido pelo Museu da Pessoa.net que Mário Américo era uma espécie de “cavalo”.

Na Seleção Brasileira da Copa de 1950, sob a direção do médico Newton Paes Barreto  e a serviço de dirigentes inescrupulosos que o queriam jogando mesmo com o joelho arrebentado,segundo o próprio Mestre Ziza, o massagista lançava mão de métodos brutos.

Mário Américo também conheceu uma época mais feliz na Seleção. Pode fazer parte do bi-campeonato, de 1958 e 62, e  construiu uma estreita relação com Paulo Machado de Carvalho – o Marechal da Vitória.

Aliás, foi para ele que Mário Américo cometeu uma das ações mais inusitadas da história das Copas.

Após a final vitoriosa do Brasil sobre a Tchecoslováquia, em 1962, Paulo Machado de Carvalho pediu a bola do jogo para o massagista. Este não se fez de rogado, correu muito, pegou a pelota e, depois, continuou correndo, desta vez, para furgir do árbitro russo Nicolai Latishev.

A atitude, além de grande alegria ao Marechal da Vitória, provocou a reação dos entojados dirigentes FIFA. Tanto Mário como o Dr. Paulo teveram que dar explicações. O doutor, chefe da delegação vitoriosa, devolveu a bola... dizem, uma falsa bola, pois a verdadeira ficou por aqui, hoje (fechada) no museu da Federação Paulista de Futebol.

Após 1974, o massagista deixou o futebol. Entrou para a polícia e, em 1981, foi eleito vereador, com 30 mil votos dos paulistanos.

Mário Américo, um dos mestres do entorno das 4 linhas, faleceu em SP, na Vila Nova Cachoeirinha,  no dia 9 de abril de 1990.


Obras e sites consultados:

Cardos, Tom; ROCKMANN, Roberto. O marechal da vitória: uma história de rádio, TV e futebol. São Paulo: A Girafa Editora, 2005.

BANCHETTI, Luciano Deppa. Memórias em jogo: futebol, Seleção Brasileira e as Copas do Mundo de 1950 e 1954. (dissertação). PUC-SP, 2011.


SitedaLusa.com Extra-oficial: http://www.sitedalusa.com/jogadores/304-mario-americo.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário