Obdúlio Varela (pt.wikipedia.com) |
Na primeira metade do século XX só deu Uruguai. Depois do
bi-olímpico (1924-28), veio a 1ª Copa do Mundo (1930) e a Copa no Brasil, em
pleno Marcanã (1950).
Sucesso!
Feitos espetaculares que consagraram a hegemonia da Celeste
Olímpica, ao mesmo tempo em que parecem ter prejudicado o desenvolvimento do
futebol nesse país de pequenos limites territoriais, mas de grandes mitos!
E o maior deles, Obdúlio Varela!
Jogador negro, capitão da seleção uruguaia, de forte
complexão física que teve muito de sua imagem encorpada pelas crônicas
brasileiras, principalmente, depois do fatídico Maracanazo:
“(...) E foi em meio ao silêncio mortal de duzentos
e vinte mil brasileiros que Gigghia fez o segundo gol. Avançou como da primeira
vez, Bigode recuando, recuando. (...)”
Na visão de quem escreve (Mário Filho), Bigode
recuara por ter sido antes coagido pelo capitão uruguaio, à base de agressão
física e de assédio moral:
“Tudo começara quando aquele uruguaio dera uns
safanões em Gigghia e em Bigode. Gigghia crescera com o carão em público de
Obdúlio Varela. Bigode se acabara.”
(RODRIGUES FILHO, 1964: 334).
Ou seja, Mário Filho construiu uma narrativa que, pelo viés
da violência, tanto fez crescer o poder de Obdúlio Varela e dos uruguaios quanto
inseriu a marca da covardia nos jogadores brasileiros.
Algo que em 2017(!) continua à reverberar. É só olhar para a
Libertadores desse ano.
Primeiro, os dois eletrizantes confrontos entre Palmeiras e
Peñarol: jogos de viradas espetaculares (3 a 2, por duas vezes) e que contou
com a presença de um tipo Obdúlio, Felipe Melo, só que dessa vez brasileiro.
Melo ameaçou socar e dessa vez com as milhares de câmeras
pode-se afirmar convictamente, socou!
Isso durante uma pancadaria que começou
depois que o time brasileiro consolidou sua vitória. Os uruguaios partiram pra cima, fecharam os portões,
emboscaram o time e a torcida verde para o apavoramento de qualquer um, de
qualquer lado, bastava que tivesse um pouco mais de sanidade.
Em seguida, foi a vez do Nacional. Time e torcida desceram
botinas, cotoveladas e pontapés em pleno Engenhão, depois que já tinham a certeza
da impossibilidade da vitória diante do aguerrido Botafogo.
Futebol?
Nem Nacional, nem Peñarol.
Mesmo diante das fracas equipes brasileiras, a Libertadores
de 2017 mostra que, ao longo desses últimos 67 anos, no Maracanazo quem perdeu mesmo foi o Uruguai.
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Felipe Melo e o soco no jogador do Peñarol. (pt.wikipedia.com) |
RODRIGUES
FILHO, Mário. O negro no futebol
brasileiro. 2.ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1964.
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