quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ÁGUA OU ISOTÔNICOS?

A revista inglesa de medicina British Medical Journal – uma das mais resitadas do mundo, avaliou centenas de estudos sobre as bebidas para esportistas e concluiu que, além de não ter benefício algum, elas podem até prejudicar a saúde.

Matéria das mais interessantes divulgada pela Carta Capital via web, mostrando o quanto a busca pelo lucro supera, em muita das vezes, questões de saúde pública.

A questão aqui se volta para as bebidas que prometem repor sais minerais e serem essenciais para o bom desempenho de atletas:

Há décadas, maratonistas eram orientados a se hidratar com moderação, pois o peso extra de líquidos os tornaria mais lentos. Hoje, o conceito médico é de orientar a hiperidratação até antes de se iniciarem os exercícios. Por que isso mudou? Uma das conclusões do estudo é que a indústria dessas bebidas patrocinou pesquisas de baixa qualidade e associações médicas ligadas aos esportes, para que se criasse um falso conceito de que todo mal-estar provocado pelo esforço físico prolongado ocorre única e exclusivamente por desidratação, principalmente o fenômeno da hipertermia de que sofrem alguns atletas maratonistas.

A primeira medida foi minar o conceito de que o nosso corpo sabe quando precisamos de água e sal. Esse equilíbrio em nosso corpo é o mais primitivo e mais perfeito que existe. Desde que o primeiro organismo vivo existe ele precisou criar um mecanismo de equilíbrio entre o conteúdo intracelular e o ambiente extracelular. Isso se chama homeostase. Os organismos multicelulares precisaram criar um sistema que simulasse esse ambiente marítimo entre suas células, por isso a ­quantidade de sal que temos no sangue é próxima à da água do mar e é extremamente estável: qualquer mudança intensa ou brusca para cima ou para baixo no teor de sal do nosso sangue terá consequências catastróficas.

Nasce o Gatorade

Seria a partir da Maratona de Nova York que as coisas teriam mudado. Os tempos indicavam que a prática esportiva, cada vez mais, se disseminaria entre as pessoas:

Nos anos 60, a primeira bebida com sódio, potássio e açúcar foi desenvolvida especificamente para corredores por um nefrologista da Universidade da Flórida. Torcedor do time de futebol americano Gators, o doutor Robert Cade deu um toque de limão no drink e o nomeou Gatorade. Hoje, a indústria de bebidas esportivas fatura 1,6 bilhão de dólares e é dominada pela mesma que produz os refrigerantes, hoje condenados como causa da obesidade infantil e juvenil.

(...) em 2005, quando o imbatível time de críquete da Austrália perdeu para a Inglaterra e o pesquisador de um estudo patrocinado pela Gatorade que estava em andamento com jogadores declarou à imprensa que 50% dos atletas terminaram a partida desidratados e por isso teriam perdido o jogo. A partir daí, uma enxurrada de estudos apareceu culpando a desidratação por quase tudo.

As consequências

O grupo de revisores da BMJ avaliou todos os estudos enviados pelas empresas que produzem essas bebidas. Foram 106 trabalhos os analisados e 76 deles apresentavam graves falhas nas conclusões dos resultados. A dra. Cohen alerta que a grande maioria das orientações médicas feitas por entidades como a Associação Americana de Treinadores de Atletas e o Comitê Olímpico de Nutrição em Esportes é patrocinada pelas indústrias desses produtos. Além dos atletas, crianças e sedentários também recebem um bombardeio de informações errôneas divulgadas pela mídia leiga e especializada, de que essas soluções isotônicas são melhores que a água, e que não se pode confiar no mais primordial sentido de preservação, a sede.

EM RESUMO: BOM MESMO É ÁGUA!


Fonte: http://www.cartacapital.com.br/saude/por-que-nao-agua/
 

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